Compartilhar ideias é como jogar sementes no vento.
Há cinco anos iniciei um mergulho nos processos fotoquímicos artesanais e mal demorou até que eu descobrisse através do exercício de revelar filmes um mundo vivo, onde a minha dissidência tinha espaço para se abrir, onde minha interdisciplinaridade e curiosidade insaciável não eram apenas excêntricas, eram um pré-requisito para fazer funcionar; onde o contato com uma teoria crítica das imagens se provava integralmente prático; onde vi minha arte e minha humanidade florescerem; onde encontrei acolhimento para minha sensibilidade à pulsação do mundo e a certeza do entrelaçamento do corpo, da natureza e das imagens.
Fotografo desde muito cedo. Antes disso me encantava com as pequenezas do mundo ao meu redor e com um saber ainda não tão articulável de que eu podia sentir o tempo com meus ossos. Antes disso, eu me apaixonei por livros. O objeto-livro. Mesmo quando não sabia ler, eu fingia saber para poder performar o ato de contemplação da leitura. O transe que consome por horas a minha atenção, buscando o contorno de cada palavra em uma página. Antes de ser artista, eu escrevia. Antes disso, eu lia. As coisas que descobri sobre o mundo e sobre mim foram graças aos livros, às pessoas que os escreveram, publicaram e circularam. O que faz o livro não é a sabedoria (limitadíssima, aliás) da palavra escrita, é o portal que ele representa. A prática de devoção a se entregar a uma história e se deixar enfeitiçar por ela. O que resta depois de ler é ir viver, completamente transformado. E depois de viver, escrever.
Os textos presentes nesses 2 volumes foram escritos e publicados entre 2023 e 2025 na Newsletter Alquimia Fotográfica e podem ser acessados pelo Substack.
ZINES ALQUIMIA FOTOGRÁFICA
VOL I.
RETOMANDO O CORPO DA IMAGEM
POEMAS, PRISMAS E INTERPOLAÇÕES
METODOLOGIAS DO EXPERIMENTAL
VOL II.
COSMOVISÃO FOTOGRÁFICA PARA PROPAGAR IDEIAS ATRAVÉS DO TEMPO
FOTOGRAFIA ANALÓGICA EM 4K
SE O POETA É UM FINGIDOR, O ARTISTA DA IMAGEM É UM... POETA?
